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sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Pichei Sociedade Alternativa no Muro da Casa Onde Raul Seixas Morava

Por Duda (Maria Nívea Cerqueira Cezar)
suanisempre@hotmail.com


Estava claro para mim que meu amigo Miguel mal sabia que a
música eu sou egoísta teria um desfecho nas perguntas que todos fazemos sobre a existência e tanta coisa! Minha irmã mais nova, Gisele, acompanhava minhas idiossincrasias, sem ao menos entender que o que buscava era simplesmente um porque de estar viva.

Ter que assumir posições que nunca tinha escolhido, e sociedade alternativa falava metaforicamente em tomar banho de chapéu. Então vá, realmente o que ela queria dizer era que você podia discutir Carlos Gardel se quisesse, ou até esperar papai Noel, não éramos pessoas presas, sem expressão e não havia maldade.

Já éramos muito reprimidos pela sociedade capitalista e Raul melhor do que ninguém sabia falar sobre isso, nos dando a visão de que deveríamos lutar.

Era definitivamente o que pensava, mas a falta de ter com quem falar sobre isso me fazia escrever.

Por volta dos quinze anos já possuía cadernos de poesias que atormentavam minha família, isso me fazia me sentir cada vez mais afastada de todos.

Raul mudaria para lá, morava na rua bela Cintra e ele mudaria para Alameda Franca, então sempre com as
músicas dele falando aos meus instintos de busca, decidi deixar para ele a mensagem que havia me libertado, peguei um spray e decididamente pichei sociedade alternativa no muro da onde ele morava, sem imaginar o bem que tinha lhe feito o que foi me dito por ele próprio pouco tempo depois.

Lembro que depois desse ato corri pra casa tão satisfeita por ter certeza que lhe fiz bem. Só muito depois iria entender que minha ligação com Raul era mais espiritual do que eu pensava.

Eu fazia em 1982 supletivo no colégio, ele sempre vinha para casa ao meio dia, eu e minhas poesias, meus cinco amigos, as
músicas do Raul e nada mais.

Sabia que na verdade aquelas
músicas eram para ele poder se comunicar, pois já havia lido muito que por ele próprio não seria músico e sim escritor ou ator, ele dizia que fingia que cantava e todo mundo acreditava.

Era um ator definitivamente! Mas foi o caminho que conseguira para veicular o que precisava dizer.

Tinha uma preocupação incrível com o ser humano e eu já me sentia adotada, sem saber ao menos que realmente seria.

Bem demorou um pouco e continuava escrevendo, até que no meio do ano de 1982 vinha do supletivo e senti alguma coisa muito estranha, não adiantaria tentar explicar aqui com palavras, por que não conseguiria, importante citar que cresci no Kardecismo com meu pai.

Mas naquele tempo tinha dúvidas em relação a almas que já se conhecem e retornariam a se encontrar e todas essas coisas. E nesse dia que senti um arrepio, vi Raul descendo do outro lado da rua para o bar da tiete. Paralisei ali mesmo, ali estavam minhas respostas, ali estavam às mesmas perguntas.

Ali estava uma busca em comum, mas era dotada de um medo surpreendente e não consegui ao menos balbuciar uma palavra naquele dia, a única coisa que queria era ficar acompanhando com o olhar e entender porque aquele ser me envolvia tanto.

Acompanhei Raul com o olhar ate ele chegar ao seu destino, e subi tremendo para casa, Gisele me olhara preocupada, mas eu lhe disse que acabara de ver Raul. Sem dizer mais nada quiz ouvir Gita. Gisele, com sua curiosidade de irmã mais nova e já conhecendo minhas peripécias de menina hiperativa, não parava de me fazer perguntas.

Mas tudo que eu queria era ouvir Gita. Às vezes você me pergunta por que eu sou tão calado, não falo de amor quase nada nem fica sorrindo ao seu lado. Gita significa o canto, ou seja, a canção, e as letras iam me respondendo mais e mais.

A minha maior pergunta era como me aproximar dele? Havia perdido minha oportunidade sem saber se veria de novo. Não quis almoçar, pois queria alimentar minha alma que me perguntava tanto e suas
músicas iam respondendo.

Gita foi a
música daquele dia, eu sou a luz das estrelas, eu sou a cor do luar. Puxa, já tinha ouvido falar que cantava sempre na primeira pessoa para todos enxergarmos que todos somos, todos podemos, todos brilhamos e isso me acalmou.

Eu iria dar um jeito! Eu sou, então teria outra oportunidade.


Créditos: 
Produção de: Claudio Deno
Repórter: Claudio Deno
Escritora: Maria Nívea 

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