Bons velhos tempos. Pedro já teve um emprego, era o dito cidadão respeitado e ganhava 4000 reais por mês e já teve dinheiro até pra comprar o carro do ano. Ele lembrou que naquela época achava que devia estar sorrindo e orgulhoso por ter vencido na vida e por ter conseguido tudo o que ele quis. Mas no fundo ele se sentia abestalhado e decepcionado e achava tudo aquilo um saco. Porque foi tão fácil conseguir e ele se perguntava e daí, tinha tantas coisas grandes pra conquistar e não aguentava mais ficar ali parado, trabalhando o dia inteiro, olhando sempre para a mesma mulher, vivendo aquela mesma vida estúpida.
Pedro achava muito cedo pra sentar no trono de um apartamento com a boca escancarada, cheia de dentes, esperando a morte chegar. Ele se olhava no espelho e se sentia um grandíssimo idiota, humano, ridículo, limitado, que só usava dez por cento de sua cabeça animal. E pensou: "O bem sucedido Dr. Paxeco, assim como o padre e o policial ainda acreditam que estão contribuindo com sua parte para o nosso belo quadro social."
Dr. Paxeco não tinha mais perguntas pra fazer, porque só tinha verdades pra dizer, a declarar. Daí, Pedro lembrou que um dia Platão tentou implantar na prática a cidade ideal proposta por Socrates antes de morrer. Mas essa sociedade alternativa não durou muito. Ali Pedro viu o inicio, o fim e o meio da sociedade alternativa.
Naquela noite Pedro ficou parado olhando para o céu e por um momento teve a impressão de ver assentar a sombra sonora de um disco voador e pensou: "Ei seu moço do disco voador, me leve com você pra onde você for. Oh seu moço, mas não me deixe aqui, enquanto eu sei que tem tanta estrela por aí".
O sol da noite estava nascendo. Alguma coisa estava acontecendo. Porque parado Pedro não podia ficar. A verdadeira mudança ocorre de dentro pra fora. Mude você e certamente estará mudando alguma coisa nesse mundo.
Suas ideias apareciam como mosca na sopa. Não adiantava mais tentar negar a verdade. Quando você consegue se livrar de uma, logo vem outra em seu lugar. Pedro achou que estava começando a enlouquecer e achou tudo isso uma grande piada, um tanto quanto perigosa.
Pedro já não tinha saco pra ouvir artista, comendo alpiste na mesma estação, cantando regra com o rei na barriga, que só por preguiça não muda um botão. Então Pedro decidiu fazer músicas melhores e montou uma manda com seu pai Raul. E Pensou: "Eh meu pai. Olha teu filho, meu pai. Eh meu pai, ajuda o filho, meu pai." Mas alimento pra cabeça não mata a fome de ninguém.
Pedro disse: É pena eu não ser burro! Não sofreria tanto! E resolveu rasgar dinheiro, tocar fogo nele, só pra variar. E pensou:"Se você não está na sociedade alternativa a sociedade alternativa sempre esteve dentro de você."
(Continua … Mas tudo acaba onde começou.)
Nossa! Ficou muito legal esse texto! Que criatividade! Parabéns!
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